Editorial

Desde os 11 anos, quando o saudoso Tio Magno me apresentou formalmente ao rock'n roll, eu já ouvia falar da sua morte anunciada. Felizmente o tempo segue contradizendo os boatos e o rock vai sobrevivendo e se solidificando. Continua sendo uma linha mestra para o seu público segmentado, uma mina de ouro a quem o explora de forma inteligente e uma dor de cabeça para quem por ele é criticado. Insiste em ser campeão de rentabilidade em turnês, vendas e downloads. Não cansa de ditar ideologias, comportamentos e movimentos. Apesar de uma expansão cada vez maior de outros sons e tendências, segue solitário na capacidade de criar ideologias, movimentar multidões em prol de um objetivo e fazer a gente se divertir e pensar ao mesmo tempo. Este blog é a minha maneira de agradecer ao rock'n roll pelos arrepios, suspiros, lágrimas e alegrias a mim proporcionadas até hoje. Aqui podemos discutir o rock de uma forma geral, analisar e debater seus fatos e ícones, seja por lazer ou mesmo como exercício crítico. Interaja! Mande suas postagens e sugestões, passe o blog a quem gosta de rock. Toda participação é bem vinda!! Longa vida ao rock’n roll e bom divertimento a nós todos!!

21 março 2010

GUNS`N ROSES - REVIEW DE SHOW - PORTO ALEGRE

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Quarta-feira Porto Alegre recebeu o Guns`n Roses, ou ao menos o que restou dele. Confesso que minha expectativa era muito grande. Afinal, apesar de não ser uma das minhas bandas top top, o Guns foi uma das minhas primeiras referências de rock`n roll, minha adolescência sempre teve os caras na trilha sonora, e essa era a primeira oportunidade que eu tinha para vê-los ao vivo.

Felizmente tivemos uma noite roqueira de alta qualidade. Deixando de lado a questão do vergonhoso atraso já tão comentado, o show foi muito bom. O fato de eu ter ido pra lá de mente aberta, sem querer exigir que o Axl de 2010 fosse igual ao de 1991, ajudou bastante.

Mr. Rose me surpreendeu com uma aceitável performance vocal e muita energia no palco. Li em algum lugar que a voz dele não é mais a mesma, obviamente, mas que seus agudos "seguem como um canivete enferrujado arranhando um muro de metal". Além disso, o cara foi o murrinha gozador de sempre, xingando seu staff nos microfones ao final do show e tirando um boneco de Homer Simpson de dentro das calças durante "Patience". Não podíamos esperar nada diferente dele...

A banda contratada para acompanhá-lo também fez bonito. Os três guitarristas (Richard Fortus, Ron Thal e especialmente D.J. Ashba), deram conta do recado, apesar de esquecerem, às vezes, que Slash era um gênio sem precisar ser tão rápido. O baixista e os tecladistas passaram anônimos mas ficaram acima da crítica, e o batera (o experiente "studio man" Frank Ferrer) esmigalhou, com uma pegada que há muito eu não via ao vivo.

Após abrir com "Chinese Democracy", faixa título do último CD (que merece uma audiçao atenta, diga-se de passagem), a banda foi sabendo mesclar seus hits com outras músicas novas. Logo de saída, "Welcome to the Jungle", "It`s so easy" e "Mr. Brownstone", deixando claro que quase todos os clássicos seriam tocados. E foram... De fora do set list, para minha tristeza, apenas três mais relevantes: "Civil War", "Don`t Cry" e principalmente a insubstituível "Used to Love Her", para mim o melhor som deles.

Outra pequena frustração foi a versão folk demais de "Knockin` on Heavens Door", fugindo do peso que imortalizou a interpretação deles ao clássico de Bob Dylan.

Contudo, o show teve vários momentos inesquecíveis... "Sweet Child O` Mine" executada à perfeição e "Welcome to the Jungle" como se estivéssemos no início dos anos 90, me arrepiaram. "Rocket Queen" e "Live and Let Die" chacoalharam até aqueles que vaiaram as 4 horas de espera. As performances instrumentais também chamaram a atenção pela excelência ou pela peculiaridade. Axl, por exemplo, foi ao piano e arranhou notas de "Another Brick in the Wall".

Outro ponto alto do concerto foi "November Rain". A música, inspirada no conto "Without You" de Del James, emocionou em especial os que tem mais de 30 anos, que com certeza viram, reviram e reviram mais umas 800 vezes o genial clip dela e ouviram milhares de vezes a épica balada.

Deu saudades do tempo em que a MTV ainda tocava música, de quando existiam solos de guitarra nas canções e de quando não éramos obrigados a aturar algumas bandas pop de segunda mão dizer estarem "reinventando" o rock. Que fase...

O som muito bem ajustado e os bons recursos de imagem e pirotecnia ajudaram a fazer com que aqueles 145 minutos passassem voando... Quem foi tem tudo o que falei na memória. Esteve entre nós uma lenda viva do rock, que fez o possível para corresponder à nossa expectativa (excetuando o atraso). A quem não esteve lá, resta imaginar o que perdeu.

5 comentários:

Niçara disse...

Daí Max!

Beleza de texto velho. Vivemos a história do rock naquela noite(madrugada...hehehe).
Abração
João e Niçara

Anonymous disse...

Oi parceiros de show!
Obrigado pelas palavras. Cara, realmente foi uma experiência muito tri! Valeu mesmo a pena o show e a parceria. Temos que repetir a dose.
Abração!
Max.

Manô disse...

Max, também fui tri de mente aberta. Aceitei o Chinese Democracy na boa, achei o cd legal e tudo. Resolvi dar uma chance pro bolão e tal... mas eu odiei completamente! Achei uma naba! Se não tivesse tocado Sebastian Bach, eu estaria querendo cortar os pulsos. E olha que eu, falando mal de Guns, é porque achei a coisa feia mesmo. Tanto que saí na metade do show, porque tinha vontade de chorar de raiva e decepção!

Mas enfim, que bom que teve gente que gostou. Pra mim, Guns acabou nos anos 90.

Anonymous disse...

Oi Manô... Também tive raiva por causa do atraso e me emputeci bastante... Resta saber se tu odiou o show em si ou se a tua raiva bloqueou qualquer coisa positiva que tu pudesse extrair do espetáculo.
Mas gostei do show... Achei o nível de todos os músicos e o formato do show bem interessante. Penso que também somou pra mim o sentimento "revival" da minha adolescência...
Mas como tu disse, é difícil agradar a todos em um show... Acho que só o ACDC conseguiu isso... Hehehehehe.... Bjos!!!

Manô disse...

Sei lá Max, acho que um pouco de tudo. Acho que juntou o que eu já conheço em relação ao desrespeito de sempre do Axl com os fãs e não concordo, com o fato de que tudo o que eu olhava, parecia ser cópia do antigo, coisa que também não gostei. Aquela coisa... troca o nome da banda que a cobrança fica menor!!! Odiei o DJ Ashba dando uma de Slash... seja autêntico!
Penso que a modéstia é a chave de tudo, por isso gostei do Sêba e não gostei do Axl.

PS: novo cd do Slash é muito bom!

Feliz Páscoa!