Editorial

Desde os 11 anos, quando o saudoso Tio Magno me apresentou formalmente ao rock'n roll, eu já ouvia falar da sua morte anunciada. Felizmente o tempo segue contradizendo os boatos e o rock vai sobrevivendo e se solidificando. Continua sendo uma linha mestra para o seu público segmentado, uma mina de ouro a quem o explora de forma inteligente e uma dor de cabeça para quem por ele é criticado. Insiste em ser campeão de rentabilidade em turnês, vendas e downloads. Não cansa de ditar ideologias, comportamentos e movimentos. Apesar de uma expansão cada vez maior de outros sons e tendências, segue solitário na capacidade de criar ideologias, movimentar multidões em prol de um objetivo e fazer a gente se divertir e pensar ao mesmo tempo. Este blog é a minha maneira de agradecer ao rock'n roll pelos arrepios, suspiros, lágrimas e alegrias a mim proporcionadas até hoje. Aqui podemos discutir o rock de uma forma geral, analisar e debater seus fatos e ícones, seja por lazer ou mesmo como exercício crítico. Interaja! Mande suas postagens e sugestões, passe o blog a quem gosta de rock. Toda participação é bem vinda!! Longa vida ao rock’n roll e bom divertimento a nós todos!!

28 março 2010

B.B. KING - O IMORTAL


Fonte Foto: www.frasesdavida.files.wordpress.com

Imagine-se com 85 anos. Você é rico, famoso, admirado por seus colegas, endeusado por seus fãs. Seu trabalho o levou a ser um dos dez maiores da história em sua atividade. Confesse... Você já teria se aposentado e estaria curtindo a vida, certo?

Pois é... Riley Ben King, ou simplesmente B.B. King, é esse cara, e não pensa em parar. O gênio segue em turnê pelo mundo, cativando a todos com sua alegria, disposição no palco e prazer em tocar o blues.

As iniciais B.B. vêm de "Blues Boy", um garoto que teve uma infância sofrida e que jamais terminou o ensino fundamental. Começou a trabalhar aos 9 anos nas plantações de algodão, ganhando 35 cents por dia. Depois, já adolescente, passou a tocar por moedas em esquinas, até inciar-se profissionalmente no blues em 1947, quando foi para Memphis com alguns dólares no bolso e sua guitarra.

Aliás, é de sua inseparável "Lucille" uma das mais incríveis histórias do blues e do rock... Reza a lenda que em 1949, durante um show em um bar de Arkansas, iniciou-se um incêndio após uma briga. Depois de ter saído do prédio em chamas, B.B. percebeu que havia esquecido sua guitarra. Desesperado, pois o instrumento era tudo o que ele tinha na vida, voltou ao bar para buscá-la e quase morreu na seqûência. No dia seguinte, ao tomar conhecimento de que a pivô da briga no bar havia sido uma garçonete chamada "Lucille", B.B. passou a chamar todas as suas guitarras Gibson por esse nome.

Daí em diante são 63 anos de uma brilhante carreira. B.B. é considerado por muitos o maior blueseiro vivo, tendo influenciado todos os que praticam o gênero. O cara carrega consigo alguns números impressionantes: tocou em mais de 100 países ao longo da carreira, fez 342 shows em um ano (1956) e mais de 12.000 até hoje. Além disso, ganhou 13 Grammys e indicações para o Rock`n Roll Hall of Fame e Blues Hall of Fame.

Há alguns anos, ao ser perguntado sobre qual o segredo de seu sucesso e longevidade na ativa, B.B. King comentou: "Ter muita disposição e amar o que faço. Sempre temos de oferecer o máximo, por isso eu nunca piso no palco sem dar o melhor que eu tenho."

Apontado por mitos como Eric Clapton e Jimi Hendrix como o maior guitarrista de todos os tempos, a lenda B.B. imprimiu ao blues do Mississipi um estilo inconfundível, baseado no seu feeling e nos seus brilhantes improvisos. "Me dêem uma nota e eu a faço valer por mil", brinca o gênio a respeito dessa facilidade.

B.B. King também é um grande incentivador do blues e valoriza o talento dos jovens. Foi ele quem ajudou a propulsionar ao sucesso o grande Jeff Healey, como contei em um post anterior. Na mesma linha foram os elogios ao bluesman gaúcho Fernando Noronha, em 1999. Na contracapa de seu álbum "Blues from Hell" (pra mim o melhor disco do gênero já gravado no Brasil), está estampado um elogio de B.B.: “Eu me sinto extremamente feliz e orgulhoso quando vejo uma banda tão jovem tocando o blues tão bem”.

Aos que precisam conhecer o cara, indico o vídeo de sua versão para "The Thrill is Gone", de Rick Darnell e Roy Hawkins. Ela tem quase tudo o que um bom blues precisa para saciar o ouvinte: uma letra triste, instrumentos de sopro, uma dose carregada de swing e um monstro na guitarra. Ficaria faltando só o whisky, mas isso você pode providenciar enquanto o vídeo carrega...

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